segunda-feira, 19 de abril de 2010

Só porque só

E o que me restou?
Essas palavras fatigadas
E uns poucos amigos
Que mal conheço...

E também um pouco de dor
Para temperar as lembranças
E condecorar o futuro
Ah, e para massacrar o presente.

E, talvez, quem saiba,
Esse velho mundo
De tantos olhos
E de tantas pernas
De tantas pessoas...
E de tanta gente.

E esse meu ser cansado
Desesperado
Sempre procurando
A vida entre as coisas
E as coisas entre a vida
E nada consegue encontrar...
O mais triste!
E se encontra,
Encontra tão tenebroso,
Antes não encontrasse!

E só hoje eu fui entender
Aqueles versos, tristes versos,
Que diziam:
“Se me ama, me entenda e me sufoque
Caso contrário, de verdade, me esqueça...”

Está prestes a amanhecer
E novamente eu não sei o que fazer...
Talvez um dia eu entenda, ou não.

2 comentários:

  1. Muito bom! Em troca deixo um poema que gosto muito e que talvez vc goste.

    MOTIVO
    Cecília Meireles

    Eu canto porque o instante existe
    e a minha vida está completa.
    Não sou alegre nem sou triste:
    sou poeta.


    Irmão das coisas fugidias,
    não sinto gozo nem tormento.
    Atravesso noites e dias
    no vento.


    Se desmorono ou se edifico,
    se permaneço ou me desfaço,
    — não sei, não sei. Não sei se fico
    ou passo.


    Sei que canto. E a canção é tudo.
    Tem sangue eterno a asa ritmada.
    E um dia sei que estarei mudo:
    — mais nada.

    ResponderExcluir
  2. Não somos alegres, nem tristes. Somos poetas. ;)

    ResponderExcluir

Acessos