terça-feira, 3 de novembro de 2009

O homem no espelho

Não gostaria de escrever sobre o modo de vida das pessoas ao meu redor. Não gostaria de criticar. Não quero julgar os procedimentos errados, nem os procedimentos certos. Penso que não devo me meter nesse mundo, pois esse mundo não é meu; essas mentes não são minhas.

Não quero falar mais do azul do céu, do verde das árvores, do vermelho da violência, do branco da ignorância. Não quero saber de cores usadas e velhas.

A vida repetida em que eu me encontro me traz ânimo, vai e volta, e me joga no mais profundo abismo que se possa imaginar.

Estou cansado dessas palavras esgotadas. Não agüento mais repeti-las e repeti-las e repeti-las.

Não sei mais porque o relapso é tão relapso que se torna a coisa mais compreensível e linda desse mundo. Não compreendo as vontades incontidas, não compreendo a sensatez que não vale e nem significa nada. Estou aflito, pois vejo as coisas acontecerem de uma forma tão brutal, tão grandiosa, tão brilhante, tão profunda, que quanto mais eu fujo, mais perto eu estou! E eu não quero estar perto...

Não quero falar sobre isso. Não quero viver isso. As palavras vêm ao entorno de mim, me envolvem, me dominam e por mais que eu não queira, sou obrigado a libertá-las. Mas eu não quero essa sujeira, não quero essas palavras usadas – repito! Não quero essa vida usada – repito novamente, e não me importo!

Não me sinto apto pra descrever nada. Não sei até quando isso vai durar. Não sei o que é isso.

É o mistério do não-mistério. É a vida pelo o avesso.

Para você, que me lê, entendo que seja difícil entender. Mas, é isso. Eu sou isso. Só isso.

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