domingo, 4 de julho de 2010

Patriotismo

Em tempos de Copa do Mundo de futebol, há um enorme patriotismo e amor à nossa pátria. Patriotismo que faz o comércio se fechar, os chefes liberarem seus funcionários , entre outras coisas que não se vê – não que eu me lembre – em outra época.

É impressionante como um torneio esportivo pode influenciar tanto a vida das pessoas. A religião e a política invejam o futebol nesse sentido. O amor ao esporte no Brasil é peculiar e, felizmente ou infelizmente, se resume a futebol.

Esse patriotismo em tempo de Copa é criticado por muitos, os mais intelectuais, e leva-me a uma reflexão ainda maior, e mais intelectual ainda: Falta-nos Pátria.

Não falo dos brasileiros, não falo do Brasil. Me refiro ao ser humano contemporâneo. E me refiro, com a cabeça quente, a uma pátria subjetiva que na qual está se está inserida os valores, as vontades, os medos, os limites.

Perdemos nossa noção, estamos perdidos. Tão perdidos ao ponto de não nos reconhecermos mais. Se duvida, pergunte a uma pessoa quem ela é e tente escutar uma resposta precisa.

Nossos valores não são mais valores; são memórias. Nossas vontades não são mais vontades; são necessidades. E o nosso medo é um anseio. E não temos mais limites.
Há que existir uma pátria, mas ela não existe. Há que existir um lugar onde o ser humano, repleto de sua individualidade, se encontre, seja acolhido, seja entendido, reforce sua mentalidade.

Há que existir uma pátria para cada um de nós: mas não existe. Pátria muito mais profunda.

Houve a religião (disfarçada de Deus) que tentou oferecer uma pátria o ao ser humano. Bem que conseguiu, mas não consegue mais.

O ser humano assiste sua independência a cada dia. Está cada vez mais desgarrado e só. Está matando cada vez mais. Está desinformado cada vez mais. Está amando cada vez menos. Isso é impressionante! O que tem prevalecido são os instintos. E só. Sorte aos comerciantes e donos de motéis.

Há que haver uma pátria. Amada, idolatrada, salve salve. E que salve mesmo.

Há que existir uma pátria capaz de trazer esperança e vontade. Uma pátria que, em mim, talvez, me ajudaria a concluir esse texto.

6 comentários:

  1. por que?! a pátria é uma segregação de valores. Mais nociva do que a própria globalização é o patriotismo! que vem junto à xenofobia, que lidera um sentimento fascista de ser superior à outros povos, que trás à tona a divisão entre primeiro e terceiro mundo.
    pátria? bandeira?! um pedaço de terra demarcado com linha imaginárias por convenção de alguns poderosos e que divide o mundo. e assim faz-se necessário o 'direito de ir e vir' por que nos foram impostas barreiras... é, sei lá.
    "eu sou do mundo, meu passaporte é espacial"

    ResponderExcluir
  2. Mas eu não me refiro a uma pátria delimitadora de estratos sociais, classes, lugares físicos; me refiro a uma pátria que delimite o ser humano, seu pensamento para que ele não esteja mais perdido. Me refiro ao ser humano contemporâneo, que perdido entre tantas dicotomias de pensamento e ação, não sabe mais o que pensar e nem o que agir...

    ResponderExcluir
  3. Mas cabe à pátria delinear o cidadão? deve haver um molde de pensamentos? uma forma única de pensar, padrão?
    Um certo? um bem e um mal? ou não estamos bem além disso?
    A meu ver o ser humano independente, o desgarrado mesmo, ao contrário de perdido, se este segue seus instintos aprende a pensar por si só e, com isso se mantém em harmonia com os demais.
    A meu ver esses atuais distúrbios sociais são causados pelo controle, pelo molde grosseiro que há de se encaixar em massas, que é um para os seis bilhões. -ou sei lá, para os 190 milhões que somos, ou talvez os 2~3 milhões que é a minha cidade... enfim: o ser-humano é capaz do auto-controle, mas precisa ser estimulado à isso, precisa sentir sua necessidade.

    ResponderExcluir
  4. Veja bem, não falo de cidadão. Falo de indivíduos: é muito mais uma conversa filosófica/antropológica do que sociológica. Enfim... Falo de uma pátria singular, individual, de cada um, que faça esse indivíduo completo, preciso, firme. Isso não existe hoje em dia. O pensamento individual já não existe; se misturou às imposições da Sociedade. Ninguém sabe mais de nada.
    Ser livre, entretanto, ao meu ver, é duro, é tenso, dói. Proponho ao falar "pátria" uma linha de horizonte para cada um. E que cada um a veja como quiser, mas que essa lhe cause firmeza.
    Assunto denso...

    ResponderExcluir
  5. Entendo!
    é similar ao meu modo de pensar, mas para mim "pátria" seria "ideologia" e "patriotismo" "determinação".
    e, realmente, sem crença em si próprio não há como progredir.
    só há desordem. e regresso.
    =D

    ResponderExcluir

Acessos