terça-feira, 1 de junho de 2010

De Cecília*

Não canto porque a voz não existe
minha vida está incompleta, escorreu pelo cano
Não sou alegre nem sou triste:
sou humano.

Filho da solidão
não sinto nada, nada e mais nada
qualquer dia, não um vento, um furacão
me mata!

Se cresço, não construo nada
Se vivo, assim, desmorono
Desisti de entender essa vida
Morri! Que sono...

E sei que sou assim: apenas um palpite
uma canção inacabada
um poema sem limite
a vontade que foi roubada.
E a Cecília que me perdoe:
- não sou nada.

-

* Este poema é uma homenagem à grande Cecília Meireles (1901 - 1964). Trata-se de uma, digamos, paródia, uma releitura, do poema "Motivo" da autora. Deixo claro minha admiração pela poesia de Cecília. Certo? Que fique bem claro novamente.

Quem quiser ler o poema original, poderá fazê-lo clicando aqui

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